Amada, esse texto será um pouco diferente dos anteriores.
Eu estava me preparando para escrever sobre “O mito da Beleza” e amor próprio radical, mas meu coração está me levando para outra direção.
Então não resisto, apenas sigo.
Explico: nesse final de semana assisti a um filme na Netflix que me tocou profundamente.
Um filme que relatou com mestria a vivência do feminino ao longo da história, em especial das mulheres de cor.
Acho importante ressaltar que, aqui no EUA, o termo “pessoa de cor” é usado para designar todas as pessoas não-brancas. E, por mais confuso que isso possa parecer, você que é uma mulher considerada branca no Brasil, aqui é considerada mulher de cor, por sua origem latina. Negras, indígenas, asiáticas, latinas, indianas, são todas pessoas de cor.
Não vou me aprofundar nos debates todos acerca do termo “pessoa de cor”, pois é um tema super complexo que merece uma reflexão mais dedicada, mas achei importante te explicar isso, pois o filme se chama “Para Garotas de Cor”.
Ele foi adaptado da peça teatral da dramaturga e poeta estadunidense Ntozake Shange, de 1975 e busca, de forma muito profunda e, por vezes chocante, retratar a vida de 9 mulheres.
Com sincera honestidade e emoção, cada mulher exprime a sua história de sobrevivência de ter que existir em um mundo moldado pelo sexismo e pelo racismo.
Há dança, poesia e movimento. Assim como há dor, abandono, violência e desespero.
As histórias das personagens retratam a vivência de tantas de nós: traição, estupro, aborto ilegal, relações abusivas, sonhos despedaçados.
E nos mostram a força do feminino, a potência da amizade entre mulheres e do apoio que somos capazes de dar e receber mutuamente.
Ainda estou muito emocionada com esse filme pois ele tocou feridas profundas da minha vivência.
Penso que esse momento que estamos vivendo mundialmente, com quarentena, tanta gente sofrendo por questões de saúde, lutos incontáveis, dificuldades financeiras, sobrecarga, estresse excessivo e tantos sonhos pausados, tanta desesperança requer que nos lembremos que, ao longo da história, sobrevivemos, superamos e somos capazes de reacender as nossas chamas de vida.
A meu ver, poder nos apoiar na potência do feminino resiliente, amoroso, compassivo e acolhedor é a nossa melhor medicina em tempos tão conturbados e complexos.
Acho que foi isso, o filme me levou para esse lugar profundo onde a força feminina se mostra mais potente que tudo.
Esse lugar onde os sonhos despedaçados se tornam pedaços de uma nova criação, uma nova possibilidade, um despertar esperançoso dos recomeços.
E quero compartilhar essa esperança com você, principalmente se você está sofrendo muito nesse período.
Te convido a ver o filme, se alimentar de poesia e boa música. Deixe a arte nutrir a sua alma e te apoiar a lidar com seus desafios internos.
E se você está passando por uma situação muito desafiadora, quero te encorajar a buscar suporte e acolhimento com mulheres próximas – amigas, parentes e terapeutas.
Somos muitas e juntas somos sempre mais fortes.
Com muito amor,
Marina