Por uma menopausa mais plena

Você pode substituir menopausa por plenopausa, por exemplo.

São tantas as mulheres e pessoas menstruantes* que me pedem para falar mais de menopausa, que estou me descobrindo bem apaixonada por esse tema.

*Pausa para um esclarecimento:
Não são apenas mulheres que menstruam.
Pessoas transgênero, não-binárias e gênero não-conforme também menstruam, quando possuem úteros. Estou atenta à importância de adequar a minha linguagem para incluir vivências diferentes da minha, de mulher cis gênero. Sei que vou errando e acertando pelo caminho, como em todo bom processo de aprendizagem. Vem comigo. 😉

Voltando…

Nos meus estudos do Tao Sexual, aprendi que o período pós-menopáusico é conhecido como Segunda Primavera, por representar uma fase de renovação das energias e oportunidades.

Já a maravilhosa Pabla San Martín, em seu livro “Manual de Introdução à ginecologia Natural”, se refere a esse período como Plenopausa, fazendo um jogo de palavras para dar conta da experiência PLENA desse momento da vida da pessoa menstruante.

Ambos os olhares nos mostram novas possibilidades para lidar com esse momento do nosso amadurecimento com muito mais amorosidade, concorda?

Vejam, culturas tradicionais espalhadas pelo mundo todo – América Latina, África, Ásia, povos Nativos aqui dos EUA, entre outros -, os chamados povos originários ou povos da terra, costumam ter uma relação de muito respeito e honra pelos diversos ciclos da vida, marcando-os com rituais, festividades e mantendo a sabedoria através de contos e canções. Poucas de nós fazemos isso, não é mesmo?

Nesse estilo de vida que muitas vezes no coloca no modo “piloto automático” é fácil esquecer da ciclicidade da vida e, claro, dos nossos corpos.

Por isso, acho importante resgatar essa sabedoria ancestral que nos direciona a enxergar tudo como parte integrante da nossa vivência aqui no mundo.

Sabemos que não se vive a menopausa do dia para a noite. Primeiro vivenciamos a chamada perimenopausa, que é um prenúncio de mudança nos ciclos internos da pessoa menstruante.

A perimenopausa pode começar no início dos 40 e se estender até os meados dos 50, variando bastante de pessoa a pessoa. A menopausa é efetivamente a última menstruação.

Muitas pessoas estão vivenciando a perimenopausa antes mesmo dos 40 anos, assim como muitas crianças estão vivendo a menarca, a primeira menstruação, antes dos 10 anos de idade.
Há inúmeros fatores que contribuem para essa precocidade, dentre os quais podemos citar estilo de vida e alimentação; nível de estresse, excesso de estímulo luminoso (alô, smartphone!), vivências traumáticas, hormônios sintéticos usados para contracepção, entre outros.

A pessoa que cuida da sua saúde sexual, seja pela medicina de família ou ginecologia, poderá elaborar melhor esses pontos, bem como os sintomas associados a esse período, com o apoio de exames e detalhamento do seu histórico médico.

Aqui vou me ater a uma abordagem mais holística e não conflitante com a medicina ocidental. A intenção é sempre somar.

De onde vejo, podemos olhar a menopausa como um grande rito de passagem e, portanto, um momento de celebração e luto.

Celebração de uma nova etapa da vida, da maturidade e seus presentes, de uma mudança no direcionamento das nossas energias e cuidados de fora para dentro, além da vivência do sexo sem preocupação com uma gravidez não-planejada.

Luto por não ter mais o ciclo fértil e menstrual, por tornar-se madura em uma cultura que valoriza tanto a juventude, viver sintomas desconhecidos pelo seu corpo que podem gerar um simples desconforto ou incômodos sérios e muito preocupantes.

Como toda transição e fase de mudança, as emoções também sofrem alterações e podemos aprender a acolhe-las com amor, compaixão e paciência.
Acredito que criar resiliência emocional deveria ser ensinado desde a pré-escola, justamente para apoiar os momentos mais delicados da vida.

Em algumas tradições, como o Tao Sexual, existe também o entendimento de que a pessoa pós-menopáusica está se aproximando ainda mais de sua essência espiritual, ganhando mais clareza sobre o que realmente importa para a sua vivência aqui e quais contribuições ela tem para oferecer ao mundo.

Toda a energia que antes era colocada para fora – família, filhos, trabalho, etc – começa a ser direcionada para dentro, dando oportunidade de reflexão e criação de seus sonhos e projetos.

Acho que esse pode ser mais um ponto de celebração. O que você acha?

Sexualidade e Prazer na Plenopausa

(sim, quero essa licença poética também)

Assim como em outras fases da vida como adolescência, gravidez, pós-parto, etc., cabe à pessoa pós-menopáusica examinar as alterações na expressão da sua sexualidade e prazer.
Fazer um inventário do que já não parece funcionar mais e buscar outras possibilidades criativas de se deleitar sensual e sexualmente pode ser super libertador, divertido e prazeroso.

Acho importante lembrar que, sem o ciclo menstrual, a pessoa deverá se responsabilizar um pouco mais pela movimentação energética no seu centro sexual, pois agora não há mais a ovulação e a menstruação movimentando mensalmente essa região do corpo. Então é bem importante assumir as rédeas dessa movimentação.

A falta de lubrificação pode ser facilmente contornada com aumento no consumo de água, o uso de lubrificantes naturais – como óleo de coco ou amêndoa – e práticas regulares que exercitem a musculatura vaginal e movimentem a energia sexual: Ovos de Jade (Yoni Eggs), pompoarismo; Chi Kung, Yoga hormonal, etc., são algumas das possibilidades que eu conheço.

E como fica a questão das insônias e ondas de calor?

No final desse vídeo, conto um pouquinho sobre isso, de acordo com o olhar do Tao Sexual. Se quiser passe para os 10 minutos finais da conversa.

Por fim, quero compartilhar mais alguns caminhos para apoiar a transição para a menopausa:

  • Compreender e acolher a natureza cíclica da vida, aceitando a impermanência e encarando cada mudança com naturalidade, mesmo com seus incômodos;
  • Conversar com outras mulheres e pessoas sobre o tema, trocar experiências, fazer vivências terapêuticas e artísticas juntas. Validar e normalizar a sua experiência em grupo;
  • Acolher o arquétipo da Mulher Sábia e tudo o que ela tem a te oferecer. Acesse livros, pessoas famosas, divindades e as suas próprias ancestrais. Vale se aproximar desse arquétipo com curiosidade, amorosidade e devoção, incorporando a sabedoria através dessa relação;
  • Recrie a sua narrativa sobre a Plenopausa, recontando essa história sob uma perspectiva mais empoderadora e celebratória;
  • Crie uma rede de apoio próxima, com a qual você possa contar principalmente nos momentos mais desafiadores;
  • A Plenopausa não é doença! Desmedicalizar essa fase é uma decisão individual, mas que pode ser altamente empoderadora. Reveja a alimentação, rotina de exercícios, e busque tratamentos naturais e holísticos que possam apoiar com muito mais cuidado a natureza cíclica do seu corpo.
  • Yoga para regulação hormonal, Tai Chi Chuan, Chi Kung, meditação, caminhadas descalça na terra. Todos esses elementos integram corpo, mente e espírito, trazendo uma vivência mais equilibrada e sustentável da Plenopausa, aproveite!

E me conte como é falar sobre isso tudo? Eu sempre quero saber. Basta comentar aqui no blog ou me enviar uma mensagem privada. Vou amar ler e comentar!

Com respeito ao seu corpo cíclico e sagrado,

Marina

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